segunda-feira, 25 de junho de 2012
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Doutor Ítalo e os espelhos
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
O professor volta pra casa
Lembro que ela me chamou de pai enquanto empurrava a cadeira de rodas na saída do hospital. Colocou-me num carro e me trouxe para esse apartamento. Disse que eu havia sofrido uma espécie de perda súbita de memória.
Ester (é esse o nome da mulher que me trouxe pra esse apartamento) me deu um álbum com muitas fotos. Eu me reconheço em várias delas, mas não lembro o nome de quem está comigo, nem de quando foram tiradas.
Ela, a mulher que me trouxe (acho que é minha filha), disse que eu era professor aposentado de Filosofia. Apontou pra mim uma escrivaninha. Levando-me até ela, me mostrou uma estante cheia de livros. Leio os sobrenomes Nietzsche, Deleuze, Harvey, Kant, Baudrillard, Sartre, Hegel, Luckaks, Guattari nas lombadas, mas não lembro se já os li e menos ainda o que neles está escrito.
Hoje está quente. Ela diz que já são oito da noite. Me leva para uma grande varanda que existe no apartamento. Ela me traz um copo de suco amarelo. Me disse que era de manga, meu predileto, segundo ela. Coloca um lençol sobre minhas pernas (ainda não saí da cadeira de rodas). O céu está cheio de estrelas.
Ester passa a mão pelos meus cabelos, me alisa as sobrancelhas, me trata com carinho.
Nada mais me lembro acerca de todos aqueles livros e que, segundo Ester, até dei aulas sobre o que neles está contido.
Não sei bem quem sou, não faço a mínima idéia do que tenho que fazer. Só duas coisas me parecem certas: as estrelas que eu vi no céu e as mãos de Ester alisando os meus cabelos.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Bisotê
Imagine uma urna mortuária, um caixão, uma esquife,
Colocada em pé, como que exposta numa funerária.
No tampo, ao invés de madeira marchetada
Um grosso espelho de bordas bisotadas
Uma parte de mim está se debatendo desesperada
Presa dentro desta urna
A outra parte observa do lado de fora
E cinicamente sorri
Enquanto passeia os dedos por sobre o bisotê